Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência

Dia desses, eu e minha irmã, na madrugada de mais uma despedida, pois ela estava voltando pro seu trabalho e sua vida no Chile, passamos longas horas conversando sobre tudo que rola na nossa vida.

No que me dei conta (não que nunca tivesse percebido isso) das inúmeras coincidências e semelhanças da nossa vida conturbada e da condição de "moças velhas" que nos assola.

Muitos não entenderam até hoje como podemos ser irmãs se somos tão diferentes fisicamente e temos a mesma idade (ok, ok... eu sou 4 meses mais velha). Só pra terminar de confundir, dizíamos que éramos gêmeas. E eu virava um bicho quando alguém apontava nossas diferenças. Esses cretinos idiotas nunca perceberam que somos irmãs de alma.

Outro dia estávamos lembrando quanto éramos populares na escola. Eu uma bitelona, uma mulher enorme já aos 14, e ela uma bailarina pequena e graciosa. Sem falsa modéstia? Geral amava a gente. Tínhamos zilhares de amigos. Mas no fim fomos uma pela outra o tempo todo (salvo o momento em que resolvi ser babaca o suficiente pra provocar um longo período de afastamento, hoje já superado). E ah! Nunca fomos santas. Não mesmo!

Vivemos muitas coisas parecidas, dividimos histórias deveras semelhante, como nossas histórias de paixonites extremamente complicadas.

Somos parecidas nos amores do passado que vivem nos rondando e a forma como ainda estamos ligadas à eles sem nem ao menos termos certeza se ainda os amamos. Na verdade, acho que sabemos que não amamos, mas nos apegamos ao saudosismo de uma época que sabíamos ser amadas. Buscamos nas histórias do passado a felicidade e aquela sensação boa de coração completo que queremos para o futuro. Coisa de meninas passionais.

As semelhanças se mantêm, mesmo que de maneira inversa, como o momento que vivemos, com relação à liberdade.

A sensação de liberdade, de ser a dona do pedaço, que ela experimenta eu já vivi. A diferença é que eu vivi isso tudo muito jovem e agora, depois de velha, experimento ser filinha de papai. E a bailarina pequena virou uma grande mulher, uma mulher firme, que vive sua liberdade na hora certa.

Já senti também essa coisa de achar que não tinha mais espaço pra mim no mundo coletivo, bem como já me senti um peixe fora d´água quando tive que conviver com outros. Sei exatamente o que é isto que está sentindo. Se sei!

É o prazer de ser você mesma, em seu espaço, que tem a sua cara e ninguém dá pitaco. Faz parte da nossa descoberta do mundo... do nosso mundo. O mundo particular onde você se desfaz das amarras, se despe das tradições, tira a máscara e simplesmente vive... do que jeito que quer, ou do jeito que der.

Viva isso, porque a vida prega peças e um dia pode ser que tenhamos que estar e não mais ser.

No mais, falando por mim e pela parte que me cabe nessa família, você não incomoda em nada. Sinto sua falta todos os dias. Sinto falta da sua bagunça, da sua televisão ligada, do seu cigarro e seja mais do que for.

Aproveite tudo que a vida lhe oferece, de uma vez. Troque as síndromes de pânico e noites de insônia por experiências impagáveis da vida própria.

Amo imensa e eternamente, serei sempre sua gêmea tamanho G e sempre terá lugar pra você na minha vida, seja longinho, muito longe ou aqui do lado.

1 comentários:

vivis disse...

Faz dias que eu venho aqui, leio, releio e não sei o que dizer, pq vc já disse tudo.

eu tenho muita sorte de poder ter escolhido meu pai e meus irmãos. e eu escolhi muito bem.

eu to longe agora, mas um dia eu vou estar perto, não sei se tão perto quanto antes, mas vou estar por aí.

eu amo você. mesmo que não pareça muito, pq eu sou péssima pra demonstrar afeto, mas vc sabe o quanto.

sua sister soul!